Nomeação Automatizada Rápida: O que é e como ela pode ajudar na aprendizagem ?
- Maiza Miranda
- 14 de mar.
- 4 min de leitura

A Nomeação Automatizada Rápida (NAR), conhecida internacionalmente como Rapid Automatized Naming (RAN), é uma avaliação essencial para entender a capacidade de um indivíduo em reconhecer e nomear símbolos visuais – como letras, números, cores e objetos – de maneira rápida e precisa. Esse teste mede o acesso ao léxico mental e a velocidade de integração entre processos visuais e linguísticos no cérebro.
Pesquisas indicam que a NAR é um dos melhores preditores para dificuldades de leitura, juntamente com a consciência fonológica. O National Early Literacy Panel (NELP, 2008) reforça sua importância como ferramenta para diferenciar bons e maus leitores.
O que a pesquisa diz sobre a Nomeação Automatizada Rápida?
Os estudos sobre a NAR começaram em 1974, inicialmente voltados para indivíduos com dislexia, que apresentavam um desempenho significativamente menor na nomeação rápida. Segundo Capellini, Ferreira, Salgado & Ciasa (2007), essa habilidade é um dos componentes mais estudados internacionalmente dentro do processamento fonológico.
O teste RAN tem sido amplamente pesquisado em diversos países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Europa, Israel e Austrália. Pennington e Bishop (2009, citados por Silva, 2016) destacam que habilidades como consciência fonológica, sintaxe, memória fonológica, vocabulário oral e nomeação rápida são fundamentais para a aquisição da leitura, sendo a NAR uma das que mais se correlacionam com a fluência de leitura.
A avaliação RAN consiste na apresentação de símbolos visuais, que podem ser alfanuméricos (letras e números) ou não alfabéticos (objetos e cores). O sujeito deve nomeá-los o mais rápido e precisamente possível. Esse teste permite verificar a eficiência do reconhecimento visual e sua relação com a fluência na leitura textual.
Estratégias de Intervenção para Melhorar a Nomeação Rápida
Diante da relevância da NAR na leitura, algumas estratégias podem ser adotadas para estimular essa habilidade:
1. Treinamento de Nomeação Seriadas
Apresente cartões com letras, números, cores ou objetos e incentive a nomeação rápida.
Aumente a velocidade gradativamente para melhorar o tempo de resposta.
2. Jogos de Velocidade de Nomeação
Utilize jogos de associação rápida entre imagens e palavras. Por exemplo, o professor fala a palavra e a criança tem que apontar a imagem ou em um tabuleiro com diferentes imagens o professor aponta a imagem e a criança deve falar a palavra correspondente.
Proponha desafios cronometrados para estimular a rapidez cognitiva.
Utilize aplicativos educacionais que reforcem a nomeação automatizada.
No programa de intervenção em fluência de leitura você encontra dezenas de atividades de velocidade de nomeação com imagens relacionadas a um fonema específico, para mais informações: (https://www.educarcomevidencias.com/intervencao-em-fluencia-de-leitura)
Reforce o contato frequente com letras, números e palavras em diferentes contextos.
Utilize leituras guiadas e reconhecimento rápido de palavras frequentes em pequenos textos.
A Nomeação Automatizada Rápida é uma ferramenta essencial tanto para o diagnóstico quanto para a intervenção precoce em dificuldades de leitura. Se os professores observassem essa e outras habilidades preditoras já na Educação Infantil, muitos desafios na alfabetização poderiam ser prevenidos, garantindo uma aprendizagem mais fluida e eficaz.
No entanto, independentemente da idade ou do ano escolar, é possível fortalecer a velocidade de processamento e remediar dificuldades leitoras por meio de estratégias direcionadas e práticas consistentes.
Além da velocidade de nomeação, outra habilidade preditora fundamental para a leitura é a consciência fonológica. Trabalhar rimas, aliterações e segmentação de palavras contribui diretamente para a conexão entre sons e símbolos, facilitando o reconhecimento e a automatização da leitura. Para saber mais sobre essa relação, confira nosso artigo sobre consciência fonológica no blog do Educar (https://www.educarcomevidencias.com/post/lendo-de-a-z-como-um-ator).
Referências
Capellini, A.S., Ferreira, L.T., Salgado, C. A. & Ciasa, M. S. (2007). Desempenho de escolares bons leitores, com dislexia e com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em nomeação automática rápida. Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 12(2), 114-9.
Lúcio, P. S., Kida, A. B. S., Carvalho, C. A. F., Cogo-Moreira, H. & Avila, C. R. B. (2017). Prova de nomeação rápida de figuras para crianças: evidências de validade e normas intragrupo. Psico-USF, 22(1), 35-47.
National Early Literacy Panel (NELP). (2008). Developing Early Literacy: A Scientific Synthesis of Early Literacy Development and Implications for Intervention. Washington, DC: National Institute of Literacy.
Silva, P. B. (2016). Teste de nomeação automática rápida: evidências de validade para amostra de crianças brasileiras. Dissertação de mestrado em Distúrbio do Desenvolvimento. Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Sobre os Autores :
Maíza Miranda

Pedagoga, Psicopedagoga e Mestre em Educação: Psicologia da Educação.
Com mais de 10 anos de experiência na educação, atuo como professora polivalente, produtora e adaptadora de materiais pedagógicos, além de leitora crítica de materiais para professores (PNA/PNLD).
Sou associada efetiva da ABPp-SP (nº 1288) e integrante do Grupo de Pesquisa EIDEP/PUC-SP, liderado pela Profª Drª Maria Regina Maluf, onde estudo aprendizagem infantil.
Participo da Mentoria Avançada em Ciência Cognitiva da Leitura no Educar com Evidências, com o Drº Gabriel Brito.
Dr. Gabriel Brito

Pedagogo, com especialização em Psicopedagogia, Mestre e Doutor em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pesquisador do grupo de Neuropsicologia Infantil da UPM e Coordenador do Espaço Cume. Autor de artigos científicos, capítulos e livros. Dentre suas obras de maior destaque estão a Bateria de Avaliação Cognitiva da Leitura - BACOLE” e o livro “Superação, Dislexia tem solução.''